"Elas são quatro milhões, o dia nasce, elas acendem o lume. Elas cortam o pão e aquecem o café. Elas picam cebolas e descascam batatas. Elas chamam ainda escuro os homens e os animais e as crianças. Elas enchem lancheiras e tarros e pastas de escola com latas e buchas e fruta embrulhada num pano limpo. Elas lavam os lençóis e as camisas que hão-de suar-se outra vez. (...). Elas brigam nos mercados por mais barato. Elas contam os centavos. Elas costuram (...). Elas acendem o lume. Elas migam hortaliças. Elas passajam meias e calças e camisas e outra vez meias. Elas areiam o fogão com palha de aço. Elas correm esbaforidas para não perder o comboio (...). Elas enterram o dedo mínimo na galinha a ver se tem ovo. Elas acendem o lume. Elas mexem o arroz com o garfo de zinco. Elas enchem os pratos."
(Maria Velho da Costa, Cravo)
ArteMCAnes
Acrílico s/ tela, 24X30 e 30X30 (2005) |
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